domingo, 3 de julho de 2011

O dono da bola

Aos 19 anos, Neymar é a estrela brasileira a partir de hoje, na Argentina, e também a maior esperança da renovação comandada por Mano Menezes

Decisivo nos títulos do Campeonato Paulista e da Taça Libertadores com o Santos e no Sul-Americano com a seleção sub-20, todos em 2011, Neymar chegou a Los Cardales como a maior promessa da Copa América. O jovem atleta, de 19 anos, é o xodó do grupo brasileiro, desperta a curiosidade de jornalistas de dezenas de países credenciados para o evento e começa a atrair a atenção dos argentinos, em êxtase por causa da presença de Messi no torneio.

A imagem descontraída de Neymar, que só não é tão extrovertido quanto Robinho, provoca uma disputa interna e bem humorada na equipe. É comum nos momentos de relaxamento nos treinos da seleção que os colegas se aproximem dele para brincadeiras que aguçam a imaginação de fotógrafos e cinegrafistas. Sem querer, Neymar divide assim a notoriedade com os menos badalados.

No convívio da seleção, ele é cercado de cuidados e mimos. O técnico Mano Menezes não ousa levantar a voz nem para corrigi-lo. A assessoria de imprensa repete orientações para que o craque não escorregue nas entrevistas coletivas. E há até quem não deixe ninguém tocar em suas chuteiras no vestiário. "O garoto é de ouro", diz o roupeiro Rogelson Barreto.

Franzino, Neymar destoa dos demais da seleção. Ágil, foge das divididas com os zagueiros reservas. Nos nove dias de treinos em Los Cardales, fez o que mais gosta: trocou passes com Ganso e alguns gols. Talvez por inibição, ou compaixão, poupou os marcadores de suas tradicionais pedaladas.

Longe ainda de ser uma referência da seleção, Neymar ganha espaço no grupo e vai ter hoje a responsabilidade de vestir a camisa 11, consagrada por Romário com o título mundial de 1994, nos EUA. Naquele ano, embora de fraldas, já era íntimo das bolas de plástico que cruzavam a sala de sua casa em busca de copos e garrafas.

"Tudo o que falam do Neymar é mérito dele", destaca Alexandre Pato. Paulo Henrique Ganso também não é econômico ao falar de seu companheiro de Santos. "Tem talento de sobra." Robinho, o outro convidado do quarteto fantástico, já antevê o que parece óbvio. "Ele tem capacidade de fazer o mesmo sucesso na Europa."

Neymar não tem a pretensão de desbancar o melhor do mundo em 2010. Mas Messi não deve reinar absoluto na Copa América. Essa pelo menos é a expectativa de torcedores mirins que estiveram durante a semana no Hotel Sofitel. Um deles, Pedro, do colégio Hebraica, apesar de ter se declarado fã incondicional do argentino, exibiu com orgulho o autógrafo do craque santista. "Ele também vai arrebentar."

Estadão

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