sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

O EXEMPLO VEM DO MARANHÃO

Segundona do Maranhão: Chapadinha é banido, e participação do Moto, anulada
TJD-MA absolve Viana, que venceu o polêmico jogo dos 11 a 0, e time decidirá o título da Série B maranhense com o Santa Quitéria

Tribunal de Justiça Desportiva do Maranhão (TJD-MA) julgou na noite desta quinta-feira as controvérsias ocorridas na Segunda Divisão do Campeonato Maranhense, que teve a partida em que o Viana goleou o Chapadinha por 11 a 0, eliminando assim o Moto Clube, que por outro lado disputava a competição mesmo tendo caído este ano. O Tribunal decidiu eliminar o Chapadinha do futebol, absolver o Viana e cancelar a participação do Moto.
De acordo com o site da "TV Mirante", a segunda Comissão DIsciplinar do TJD-MA decidiu por unanimidade desconsiderar a participação do Moto, por contrariar o artigo 10 do Estatuto do Torcedor. O clube, que terá três dias para recorrer da decisão, só poderia disputar a Segundona em 2010, segundo o Tribunal.

No mesmo julgamento, o Viana foi declarado campeão do segundo turno, mas o Chapadinha, que levou nove gols em nove minutos no polêmico jogo dos 11 a 0, foi banido do futebol. O árbitro Edílson Santiago, que dirigiu a partida, foi suspenso por 30 dias.

Com as decisões do julgamento, o Viana decidirá o título da Segunda Divisão do Maranhense contra o Santa Quitéria. A Federação Maranhense de Futebol agora vai esperar o fim do caso para marcar as datas dos dois jogos decisivos.

ENTENDA O CASO QUE TEVE REPERCURSÃO INTERNACIONAL


Viana e Moto Club disputavam a última vaga na primeira divisão de 2010. O Moto conseguia a façanha de disputar a segundona no mesmo ano em que foi rebaixado. O certame, disputado por quatro times (seriam cinco, mas o Itinga, também rebaixado este ano, foi excluído por dívidas com a Federação), chegou à última rodada com um classificado: o Santa Quitéria, campeão do primeiro turno.

Viana e Moto Club tinham o mesmo número de pontos. E o primeiro levava vantagem no primeiro critério de desempate – o saldo de gols (tinha dois a mais). Os jogos foram marcados para o mesmo horário. E… foi assim que começou a última e agora já eterna rodada.

Jogo 1 – Viana 11 x 0 Chapadinha (Estádio Daniel Nascimento Filho, Viana-MA)

Sob a mais que precária iluminação do Estádio Daniel Filho, o Danielzinho (capacidade para 3.265 pessoas), poucos pagantes presenciaram o mais patético caso de “jogo entregue” da história recente. O time local, o Viana Esporte Clube, precisava da vitória contra o Chapadinha para garantir o acesso à primeira divisão.

O jogo seguiu a receita de toda santa armação brasileira. No intervalo, o proverbial atraso para saber do resultado da outra partida. Qunado chegou a notícia de que o Moto Club goleava o Santa Quitéria… o incrível aconteceu. Os jogadores do eliminado Chapadinha começaram a andar em campo. O Viana, que vencia por 2 a 0 até os 35 minutos da segunda etapa, fez nove gols nos nove minutos finais. Detalhe: no primeiro turno, as equipes tinham empatado sem gols.

Gil Lopes, diretor de futebol do clube, admitiu que o time praticamente "desistiu de jogar" após sofrer o terceiro gol do Viana .

O time relaxou, desistiu de jogar praticamente - Gil Lopes, diretor do Chapadinha"
- Deu um ‘apagão’ geral no time. De repente, começou a escurecer, e a equipe relaxou. E nem os jogadores souberam explicar o que aconteceu. Estamos nos perguntando até agora o que houve. Só que depois de três gols, o time relaxou, desistiu de jogar praticamente - reconheceu.

O presidente do Viana, José Carlos Costa, porém, não se intimida diante da suspeita de armação. Mas admite que o adversário "desistiu" da partida a partir de certo momento:

Foi normal o resultado - José Carlos Costa, presidente do Viana"

- Foi normal o resultado. Assim com o Viana ganhou, o Chapadinha poderia vencido também. Como o Chapadinha levou o terceiro e o quarto gol, e não tinha mais condições de ganhar, desistiu - afirmou.

O presidente do Moto Club, Cléber Verde, afirmou que houve "facilitação de forma escandalosa" por parte do Chapadinha ao Viana, com a intenção de prejudicar o clube de São Luís. O dirigente exige que a partida seja anulada.

Jogo 2 – Moto Clube 5 x 1 Santa Quitéria (Estádio Nhozinho Santos, São Luiz-MA)

O Santa Quitéria entrou no gramado do Nhozinho Santos já classificado. Por isso, a principal atração do time entrou em campo de chuteiras brancas e camisa 10. Aos 52 anos, Menin Leal, prefeito e presidente de honra do clube, jogou os dez minutos iniciais. O Moto Club não conseguiu marcar no período, mas no fim do primeiro tempo já vencia por 3 a 0. Tradicional time maranhense, o Moto – que tem 24 títulos estaduais – parecia assim garantir a vaga na primeira divisão.

Quando a partida se aproximava do fim, porém, chegou a São Luís a notícia de que o Viana começava a fazer gols. Coincidentemente, o Moto – que tinha um jogador a mais – começou a ter pênaltis a seu favor. Foram três depois dos 37 minutos da segunda etapa. O último, aliás, foi desperdiçado. A vitória por 5 a 1 acabou não sendo suficiente diante da enxurrada de gols do Viana.

Dublê de prefeito e jogador do Santa Quitéria, Manin Leal chamou o árbitro Robson Martins Ferreira, que apitou o jogo contra o Moto, de "pilantra" e "safado". E defendeu a atitude dos jogadores do Chapadinha .

- Quando o Viana fez gol, um árbitro amador deu uma penalidade para o Moto. Aí eles (no outro jogo) viram aquilo e entregaram. E estão certos.

Presidente da Federação: Caso "desmoraliza o futebol maranhense”

O presidente da Federação Maranhense de Futebol, Alberto Ferreira, afirmou que o caso "desmoraliza" o futebol local e determinou a abertura de sindicância para investigar o caso.

- Eu acho que foi um escândalo. É uma coisa que vem desmoralizar o futebol maranhense. Todos nós sabemos que, em situação normal, o Chapadinha não perderia assim. Eu já estou redigindo uma portaria, pedindo uma sindicância para apurar o que aconteceu em Viana. Logo depois de apurar o que houve, vamos mandar para a Justiça Desportiva - afirmou ao site 'imirante.com'.

O diretor-técnico da entidade, José Alberto de Morais Rêgo, criticou os dirigentes dos clubes envolvidos no resultado suspeito.

- É uma vergonha para o futebol o que os dirigentes dos clubes fizeram. Eu não tenho culpa de existirem dirigentes deste naipe. Então não é preciso ir a campo. Pergunta quantos gols precisam e pronto. Bota logo no placar - disse ao "imirante.com".

Fonte: Globo.com

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